Fotógrafo falso da ONU roubava fotos e vendia no Getty Images e para outras agências
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No Instagram, com mais de 120 mil seguidores, Eduardo Martins, suposto fotógrafo da ONU, esbanjava uma história de encher os olhos de lágrimas:
"Uma vez, durante um tiroteio no Iraque, eu parei de fotografar para ajudar um menino que tinha sido atingido por um molotov e o retirei da zona de tiro. Eu paro de ser fotógrafo para ser um ser humano", em entrevista para a Recount Magazine em 2016.
Na mesma entrevista, vinha um monte de imagens de conflitos, retiradas do Instagram do individuo. Pena que nenhuma foto era dele!
"Uma vez, durante um tiroteio no Iraque, eu parei de fotografar para ajudar um menino que tinha sido atingido por um molotov e o retirei da zona de tiro. Eu paro de ser fotógrafo para ser um ser humano", em entrevista para a Recount Magazine em 2016.
Na mesma entrevista, vinha um monte de imagens de conflitos, retiradas do Instagram do individuo. Pena que nenhuma foto era dele!
Imagem da entrevista para a Recount Magazine do garoto "palestino", na verdade ele é iraquiano. Reprodução: BBC Brasil
Em junho desse ano a BBC Brasil publicou entrevista com várias fotos e vídeos enviados por ele, usando o discurso que o mundo precisa ser alertado pelos horrores da guerra. (A entrevista foi retirada do ar nesta sexta-feira)
A partir dessa entrevista que começaram a surgir as principais suspeitas, afinal, os jornalistas brasileiros nunca tinham visto Eduardo em nenhuma parte do Iraque, lugar em que ele costumava marcar as fotos.
Outra reportagem que foi protagonista foi na Vice, com o titulo: "No front com os Peshmerga" (Retirado do ar nesta quinta-feira).
Até documentário do Netflix o fotógrafo fake chegou a falar que estava produzindo para jornalistas. Inclusive, chegou a chamar um para participar: "Tô produzindo um documentário com a Netflix sobre Mossul e queria saber se vc tem interesse de participar. Abraços irmão."
A partir dessa entrevista que começaram a surgir as principais suspeitas, afinal, os jornalistas brasileiros nunca tinham visto Eduardo em nenhuma parte do Iraque, lugar em que ele costumava marcar as fotos.
Outra reportagem que foi protagonista foi na Vice, com o titulo: "No front com os Peshmerga" (Retirado do ar nesta quinta-feira).
Até documentário do Netflix o fotógrafo fake chegou a falar que estava produzindo para jornalistas. Inclusive, chegou a chamar um para participar: "Tô produzindo um documentário com a Netflix sobre Mossul e queria saber se vc tem interesse de participar. Abraços irmão."
Eduardo Martins em seu perfil do Instagram
Para que nínguem percebesse, Eduardo adulterava fotos de outros fotógrafos e se destacava no Instagram, vendendo as fotos para várias agências. Muitas fotos eram do americano Daniel C. Britt, e para que enganasse mais facilmente, normalmente ele invertia as fotos e fazia pequenas alterações. Em contato com a BBC Brasil, Daniel retornou:
"Isso é o que eu sei: Eduardo Martins tem roubado fotos de vários sites, incluindo o meu próprio, e revendido por meio das agências Getty Images e Zuma Press".
As fotos revendidas no Getty Images, eram invertidas e com pequenas alterações, de forma que o sistema não consirava fraude. Questionados sobre como era vender as fotos de outro profissional com crédito ao falso fotógrafo, a Getty Images afirmou em nota:
"Eduardo Martins, a pessoa em questão, foi identificado como um colaborador e fornecedor de conteúdo de um de nossos parceiros que já foi notificado sobre esta infração. Enquanto trabalhamos em conjunto com todos os nossos departamentos internos para esclarecer urgentemente esta questão, estamos retirando do ar todo o material envolvido".
A Zuma Press, outra agência em que ele vendia as fotos, escreveu à BBC Brasil, por email, a nota: "Ficamos sabendo desta situação hoje, e depois de contatar a provedora da imagem, a NurPhoto, estamos removendo as imagens em questão com crédito para 'Eduardo Martins' - e pedimos às nossas agências parceiras para fazer o mesmo".
Alertado sobre a suspeita de que fosse um fake, o suposto fotógrafo deletou sua página no Instagram, desativou seu site no Wix, desapareceu do WhatsApp e sumiu antes que sua real identidade ou quem é o loiro nas fotos fossem descobertos.
Alvo de diversas entrevistas e matérias por vários veículos de informação do Brasil, Eduardo Martins nem existe, e mesmo assim demorou 2 anos para surgir as primeiras suspeitas.
Via: BBC Brasil
"Isso é o que eu sei: Eduardo Martins tem roubado fotos de vários sites, incluindo o meu próprio, e revendido por meio das agências Getty Images e Zuma Press".
As fotos revendidas no Getty Images, eram invertidas e com pequenas alterações, de forma que o sistema não consirava fraude. Questionados sobre como era vender as fotos de outro profissional com crédito ao falso fotógrafo, a Getty Images afirmou em nota:
"Eduardo Martins, a pessoa em questão, foi identificado como um colaborador e fornecedor de conteúdo de um de nossos parceiros que já foi notificado sobre esta infração. Enquanto trabalhamos em conjunto com todos os nossos departamentos internos para esclarecer urgentemente esta questão, estamos retirando do ar todo o material envolvido".
A Zuma Press, outra agência em que ele vendia as fotos, escreveu à BBC Brasil, por email, a nota: "Ficamos sabendo desta situação hoje, e depois de contatar a provedora da imagem, a NurPhoto, estamos removendo as imagens em questão com crédito para 'Eduardo Martins' - e pedimos às nossas agências parceiras para fazer o mesmo".
Alertado sobre a suspeita de que fosse um fake, o suposto fotógrafo deletou sua página no Instagram, desativou seu site no Wix, desapareceu do WhatsApp e sumiu antes que sua real identidade ou quem é o loiro nas fotos fossem descobertos.
Alvo de diversas entrevistas e matérias por vários veículos de informação do Brasil, Eduardo Martins nem existe, e mesmo assim demorou 2 anos para surgir as primeiras suspeitas.
Via: BBC Brasil
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