Dom Pedro II - O primeiro fotógrafo brasileiro?
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A primeira "selfie" registrada na história do Brasil não poderia ter sido capturada por ninguém menos do que o Imperador Pedro II. Ele realizou esse autorretrato de maneira engenhosa, posicionando sua câmera fotográfica em uma mesa e usando uma corda amarrada a ela para ativar o dispositivo e tirar a foto. Pedro II compartilhou o segredo desse feito em uma carta, explicando que a corda passava por dentro de suas roupas e que ele a puxava com a mão escondida sob o paletó.
Essa notável imagem foi capturada no Palácio de São Cristóvão, localizado no Rio de Janeiro, por volta de 1860, quando Pedro II tinha aproximadamente 35 anos de idade. O historiador e diretor do Museu Imperial, Maurício Vicente Pereira, considera essa imagem como o que chamamos atualmente de uma "selfie". Pedro II era conhecido por seu entusiasmo pela tecnologia e sua busca por novidades. Vale destacar que naquela época, a fotografia exigia um tempo de exposição consideravelmente longo, o que tornava o ato de posar diante da câmera um desafio intrigante.
Apesar de sabermos pouco sobre os amadores que se aventuraram nos primeiros anos da Daguerreotipia e outros processos fotográficos no Brasil, é inegável que Pedro II se destacou como um dos primeiros brasileiros a adotar e explorar essa nova forma de arte. Surpreendentemente, aos 14 anos de idade, em 1840, ele encomendou um Daguerreótipo diretamente de Paris, tornando-se, assim, o primeiro fotógrafo brasileiro. Suas fotografias incluíam principalmente paisagens e retratos. Conforme o tempo passou, Pedro II se transformou em um grande colecionador e apoiador da fotografia no país, conferindo títulos e honrarias aos principais fotógrafos brasileiros da época e impulsionando essa arte por todo o território nacional.
O interesse de Pedro II pela fotografia surgiu quase simultaneamente ao anúncio da invenção do daguerreótipo. Menos de um ano após o anúncio oficial da invenção em agosto de 1839, ele adquiriu sua própria câmera em março de 1840, após ser apresentado ao invento pelo abade francês Louis Compte no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro tornou-se o epicentro da fotografia no Brasil, dada a presença do Império, e Pedro II foi retratado por diversos fotógrafos, incluindo nomes como Marc Ferrez e Joaquim Insley Pacheco.
A fotografia passou a ser uma ferramenta essencial para a imagem de Pedro II, que desejava modernizar o reino. Ela também se tornou um símbolo de civilização e status em sua época. Notavelmente, Pedro II foi o primeiro monarca a patrocinar um fotógrafo quando, em 1851, permitiu que Buvelot & Prat usassem as armas imperiais em seu estúdio fotográfico em Petrópolis. Curiosamente, somente dois anos depois, a Rainha Vitória da Inglaterra também conferiu o título de Fotógrafo Oficial da Rainha a Antoine Claudet.
Além disso, ao ser deposto do poder e banido do país em 1889 pelos republicanos, Pedro II fez uma generosa doação à Biblioteca Nacional, entregando uma coleção de aproximadamente 25 mil fotografias. Essa coleção passou a ser conhecida como Coleção Dona Theresa Christina Maria, e, de acordo com o historiador Pedro Vasquez, continua sendo um dos acervos mais valiosos e diversos dos primórdios da fotografia brasileira já reunidos por um particular, ou mesmo por uma instituição pública, até os dias de hoje.
José Alfredo
Analista de Marketing na EPICS.
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