A mulher como fotógrafa
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Você já pensou em como a socialização pode influenciar a sua fotografia?
Dia desses me vi entrando em um espiral de pensamentos sobre como a mulher se insere no mercado fotográfico.
Uma maioria mãe, que entrou nesse universo fotográfico após maternidade, como uma fonte de renda informal conciliada com o cuidar dos filhos. Dupla, tripla jornada.
Mas dentro desse universo tão vasto, com tantos profissionais, com tanta informação gerada, ainda sinto o déficit de conhecimento técnico vindo dessa fatia do mercado. E nesse tanto pensar, aquele estalo: socialização machista.
É sim, é isso… em terra que muitos chamam de “mimimi” a maneira com que nossas meninas foram e são criadas, diz muito sobre a mulher que se tornam.
Uma infância que não incentiva a mulher a busca por mais. Ensina a mulher a se contentar com o pouco e básico.
Não tem incentivo ao inventivo, criativo, manual. Mulheres crianças não montam e desmontam brinquedos. Mulheres crianças não aprendem mecânica. Mulheres crianças não precisam saber como construir algo do zero.
Foto: Karoline Saad
Dentro disso, faço a analogia direta com o não saber fundamentos básicos da fotografia, porquê e como a tríade, ISO, abertura e velocidade se relaciona.
Como é a mecânica de uma câmera fotográfica.
Nisso vamos além, a menina mulher que cresceu, e comprou sua câmera, também não sabe muito bem qual lente adquirir… não aprendeu qual a relação da distância focal e como ela funciona. Ela pergunta a um menino homem, inventivo e curioso, que aprendeu a pesquisar, e desmembrar. Ele responde, que “essa é boa, porque sim”, e voltamos a uma menina mulher que se contenta com a resposta.
Não precisa saber o "por quê", só precisa saber que é assim que funciona.
Nisso, criamos um mercado feminino cheio de vícios e similaridades, a busca pela fotografia diferenciada se torna mais distante. A também concorrência da socialização que sofremos, nos joga como inimigas ao invés de uma rede de apoio para aperfeiçoar e crescer. E somos desvalorizadas dia após dia em mais um nicho dito masculino e que tanto precisa da sensibilidade e olhar amoroso que também aprendemos como nascidas mulheres.
Todo esse meu texto/desabafo vem como um pedido, a cada uma que se identificar, que não veja como uma crítica, mas como um chamado.
Estude! Entenda o funcionamento de cada parte. A princípio pode parecer que não, mas ter o domínio e tornar visceral o conhecimento sobre a sua ferramenta de trabalho é um dos maiores passos entre ser mais um ou se destacar no seu mercado. Entre dar o passo do mais do mesmo ou ser vista como diferencial.
E aqui não digo para não fazer fotografia de família. Eu faço, e não faria outra coisa da minha vida. Mas pensar em criar memórias sinceras e reais. Memórias significativas, e que permitam que o olho brilhe, não só dos clientes, mas os nossos.
E gostaria da reflexão de todos (não só das nossas mulheres meninas crescidas) porque ainda perpetuar essa socialização rasa as nossas crianças. Vamos incentivar todas, desde pequenas a serem criativas, serem inventivas, não se contentar com o “porque sim” e buscar sempre mais para suas vidas, para suas carreiras.
Karoline Saadi
Fotógrafa familiar, inspirada pelo amor, criando memórias afetivas desde 2012.
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